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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

It - A Coisa (It)

A simbologia e a metáfora do palhaço assustando os adolescentes com os seus próprios medos é muito interesse e bem explorada por "It - A Coisa". O filme é uma mistura de "Super 8" com a série "Stranger Things", e se inspira em clássicos dos anos 80 como “Os Goonies”, época na qual a trama se passa. Tudo isso em formato de terror.

Se cada personagem tem o seu próprio medo, então para o espectador o maior medo seria o filme em si. Pensando nisso, o diretor aposta muito na parte visual do longa, muitas vezes explorando de forma eficaz as convenções do gênero. Pensando dessa forma o "exagero" na parte de terror se justifica. Pennywise não é um simples palhaço, mas sim a personificação dos medos mais profundos de cada um. Então seu visual assustador e exagerado lembra mais um pesadelo do que a realidade. Além disso, a atuação de Bill Skarsgård é muito boa, principalmente no uso da voz desafinada que deixa o personagem com um ar mais psicopata e assustador.

É interessante como a história é contada do ponto de vista dos jovens, então fica a mensagem que muitas vezes os adultos não levam a sério os problemas deles por achar que é bobagem ou apenas uma fase. Dessa forma o sumiço das crianças é tratada pelos mais velhos como algo normal, quando para os adolescentes é algo preocupante que merece ser investigado de qualquer forma, por mais estranha que pareça.

O roteiro de Chase Palmer, Cary Fukunaga e Gary Dauberman faz um ótimo trabalho ao apresentar o grupo de personagens. A forma como eles se conhecem e como têm algo em comum - o fato de serem os “perdedores” do colégio - faz com que se identifiquem um com os outros. Além disso, reconhecem que o medo apresentado através das imagens do palhaço são reais e devem ser levadas a sério, por mais que pareçam absurdas.
Dentre os medos que mais se destacam, está o drama da personagem Beverly (Sophia Lillis). A garota sofre bullying no colégio por outras colegas que a chamam de vadia por supostamente ter feito sexo com diversos meninos. Mas o pior é a forma como os homens adultos olham para ela, a começar pela forma como o próprio pai a trata. Entretanto, a cena da jovem na farmácia onde ela “flerta” com o balconista, um senhor de idade, é extremamente eficaz em apresentar o quanto a situação de “terror” dela é a mais realista e por isso a mais interessante.

Sophia não brilha sozinha e o restante do elenco juvenil é de ótima qualidade. Eles tem muito carisma e química entre si. O roteiro é eficaz por criar para cada um deles o seu momento de brilhar e importância dentro da história. Graças ao elenco a história funciona tão bem.

O longa também é muito bom tecnicamente, principalmente no design de produção, efeitos visuais e na fotografia. O visual é importante em um filme de terror, principalmente aqui onde as imagens dos medos de cada personagem dizem muito sobre eles mesmos. O diretor Andy Muschietti explora muito bem o material do livro de Stephen King e acerta ao explorar bem o medo dos jovens através da figura do palhaço.

Título Original: It (EUA, 2017)
Com: Jaeden Lieberher, Jeremy Ray Taylor, Sophia Lillis, Finn Wolfhard, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer, Wyatt Oleff, Nicholas Hamilton, Owen Teague, Jackson Robert Scott, Stephen Bogaert, Stuart Hughes, Steven Williams, Elizabeth Saunders e Bill Skarsgård
Direção: Andy Muschietti
Roteiro: Chase Palmer, Cary Fukunaga e Gary Dauberman
Duração: 135 minutos

Nota: 4 (ótimo)

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