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terça-feira, 5 de setembro de 2017

O Estranho Que Nós Amamos (The Beguiled)

O filme "O Estranho Que Nós Amamos" da diretora Sofia Coppola mostra o quanto a presença de um homem pode extrair o “pior” de um grupo de mulheres, causando um desequilíbrio emocional em um ambiente feminino.

A história se passa durante a Guerra Civil norte-americana e foca em um internato feminino comando pela sra. Martha Farnsworth (Nicole Kidman). Por causa do conflito, o local abriga apenas 5 jovens moças e mais a professora Edwina Dabney (Kirsten Dunst). Então, uma das garotas do internato, Amy (Oona Laurence), encontra por acaso um soldado ferido e o leva para casa onde ele é tratado como um prisioneiro/hóspede até que ele se recupere e possa ser entregue aos oficiais do Sul (ele é um soldado da União em terreno confederado, logo um inimigo).

A presença do cabo quebra a rotina da casa e mexe com as emoções femininas. Aos poucos elas desenvolvem uma empatia por ele. O homem, é claro, resolve se aproveitar da situação e abusa do "poder masculino". E assim está criada uma situação que tem tudo para não terminar bem. É interessante notar como cada uma delas encontra alguma forma de tentar chamar a atenção do soldado. Uma cena na qual resolvem fazer um jantar em homenagem ao “convidado” deixa isso bastante claro. Uma diz que fez o jantar, enquanto outra assume a autoria da receita ou que arrumou a mesa. Além disso, cada uma delas veste a sua melhor roupa para tentar se destacar pela beleza.

O longa faz um estudo interessante a respeito do comportamento dos personagens, principalmente das femininas. Aos poucos vamos notando as mudanças sutis na forma de agir de cada uma. A dona da casa, por exemplo, parece ser a mais racional, mas em alguns momentos parece estar se abrindo e se deixando encantar pelo charme masculino de John McBurney (Colin Farrell). O fato de estarem presas dentro da casa por causa da guerra também faz com que a presença do soldado seja algum tipo de conexão com o mundo externo que a maioria das garotas não chegou a ter.

A diretora nos lembra em alguns momentos que estamos diante de uma guerra quando ouvimos sons de bombas explodindo ao fundo que parecem bem distantes. É uma forma de lembrar o espectador da realidade fora da casa. Mas com o passar do tempo tanto o espectador quanto os personagens esquecem desse detalhe. A fotografia e direção de arte também são muito boas. Os destaques ficam por contas das cenas filmadas em contra luz das janelas aproveitando a iluminação natural, trazendo como resultado um visual muito bonito.
O elenco impressiona e cada uma das atrizes tem espaço para brilhar. Até mesmo Colin Farrell, ator do qual confesso não ser muito fã, entrega uma ótima atuação. A química entre o elenco é muito boa. Kidman e Dunst são os destaques entre as mulheres, cada uma delas explora muito bem as nuances de suas respectivas personagens. Enquanto Farrell mostra que para o seu personagem o abuso masculino parece ser a única forma de se impor em cima das mulheres, isto é, através da força.

A narrativa tem um bom ritmo e o clima é criado aos poucos, estabelecendo bem os personagens e a dinâmica dentro da casa. Com pouco mais de 90 minutos não sobra muito tempo para enrolações. Um ótimo drama onde o principal destaque são as atuações.

Título Original: The Beguiled (EUA, 2017)
Com: Nicole Kidman, Kirsten Dunst, Elle Fanning, Oona Laurence, Angourie Rice, Addison Riecke, Emma Howard e Colin Farrell
Direção e Roteiro: Sofia Coppola
Duração: 94 minutos

Nota: 4 (ótimo)

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