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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Liga da Justiça (Justice League)


Após o enorme sucesso do universo cinematográfico da Marvel, a DC/Warner resolveu seguir um caminho parecido fazendo a sua própria franquia de filmes. Ao contrário da rival, que seguiu por um caminho mais leve e divertido, a linha seguida pela DC tem como base o tom sério e realista da trilogia Cavaleiro das Trevas, do diretor Christopher Nolan. O problema foi colocar o “visionário” Zack Snyder para comandar os longas. Então considerando a forma como esse Universo DC foi iniciado com “Homem de Aço” e “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”, “Liga da Justiça” é uma grata surpresa por ser um bom filme apesar dos inúmeros problemas.

A diferença entre o tom sério para um mais leve tem uma explicação: a presença de Joss Whedon. Ele foi responsável por “Os Vingadores” [4] da Marvel, então ele acrescentou um lado menos sombrio e mais divertido ao universo da DC nos cinemas. Primeiro no roteiro, que ele escreveu junto com Chris Terrio, e em seguida na direção do longa, após assumir o comando no final da produção quando Snyder se afastou por questões pessoais.

A mudança fica clara com o excesso de piadas e frases de efeito, como por exemplo, quando Batman / Bruce Wayne (Ben Affleck) fala para Barry Allen / Flash (Ezra Miller) que o seu super poder é ser rico. O tom mais leve e divertido funciona em quase todo o filme sem que a história e seus personagens percam sua seriedade, como aconteceu em "Thor: Ragnarok". O Flash é um exemplo desse equilíbrio. Na maior parte do tempo o herói fala alguma coisa cômica. Isso é eficaz ao ilustrar o seu deslumbramento ao fazer parte de um grupo de pessoas fantásticas e também um pouco da sua própria ingenuidade. Entretanto em alguns momentos as piadas parecem forçadas e/ou são sem graça, mostrando que o lado da comédia poderia ser mais orgânico.

O roteiro também é eficiente em apresentar os novos personagens (Flash, Aquaman e Cyborg) de forma minimamente coerente, justificando suas respectivas presenças e a reunião dos heróis. Batman e a Mulher Maravilha (Gal Gadot) funcionam como recrutadores para a super equipe. Infelizmente o desenrolar da trama peca na apresentação do vilão, que é um problema constante nos filmes de super heróis, e principalmente na forma de trazer novamente o personagem do Superman (Henry Cavill) de volta à ativa.

A idéia de “Liga da Justiça” era mostrar a importância do Superman como mais do que um ser com superpoderes, mas sim um símbolo para a humanidade. Infelizmente isso não foi construído de forma eficaz nos longas anteriores. O filme da “Mulher Maravilha” funciona muito melhor nesse sentido, ao mostrar todo o heroísmo da personagem. No final das contas a presença do Homem de Aço é apenas porque ele é o único com poder suficiente para derrotar o vilão, e para isso Batman deixa sua “birra” de lado pensando no bem maior: salvar a humanidade do vilão que quer destruir o planeta Terra.
Outro detalhe é que o herói morreu em “Batman vs Superman”, mas o próprio filme mostra que existe uma forma de trazê-lo de volta. Então fazer um longa com os principais personagens da DC sem ele seria absurdo. Entretanto a Warner resolveu “esconder” a presença do personagem na divulgação, mas próximo do lançamento resolveram “abrir o jogo” ao colocá-lo nos cartazes. Logo na 1ª cena de “Liga da Justiça” ele já aparece. O “efeito surpresa” ou a dúvida da presença ou não dele não funcionou.

Pelo menos nas cenas de ação e aventura o filme acerta ao apresentar momentos eficientes e divertidos, principalmente quando os heróis se reúnem para lutar contra o vilão. Nessas partes os efeitos visuais funcionam de forma positiva, sem que seus problemas atrapalhem na experiência do longa. Entretanto a fotografia peca em momentos mais simples, como ao mostrar uma cena ao ar livre com um pôr-do-sol tão ruim, que fica claro que aquilo é artificial, estragando um momento que deveria ter um grau emotivo forte. Em contrapartida, a trilha sonora de Danny Elfman é brilhante ao utilizar o tema do Batman, de sua própria autoria, e do Superman, composto por John Williams, para evocar um sentimento de nostalgia e referência à grandeza dos respectivos personagens.

Os personagens da DC como Batman, Superman e Mulher Maravilha são extremamente populares, mesmo entre as pessoas que nunca leram uma revista em quadrinhos na vida. A tarefa da Warner em reuní-los em um filme como “Liga da Justiça” era fácil, mas a maneira como o seu universo cinematográfico foi construído é extremamente problemática. Então é necessário afirmar mais uma vez que o resultado final do longa é uma surpresa positiva e divertida, apesar dos inúmeros problemas apresentados durante à projeção.

Título Original: Justice League (EUA, 2017)
Com: Ben Affleck, Gal Gadot, Henry Cavill, Jason Momoa, Ezra Miller, Ray Fisher, Joe Morton, Diane Lane, Amber Heard, Billy Crudup, Connie Nielsen, J.K. Simmons, Jesse Eisenberg, Amy Adams, Jeremy Irons e Ciarán Hinds
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Chris Terrio e Joss Whedon
Duração: 120 minutos

Nota: 3 (bom)

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